terça-feira, 12 de agosto de 2008

Mi Vida Sin Mi

Mi Vida Sin Mi. O nome me atraiu, "Minha Vida Sem Mim", o rosto da linda atriz canadense Sarah Polley me ajudou a querer entender, sentir, vivenciar aquela história. Olhar triste, e ao mesmo tempo de uma serenidade que não se explica. Peguei decidida na prateleira da locadora - após horas escolhendo- e fui ver. Vi sozinha. Amo ver filmes que não conheço sozinha. Volto milhares de vezes , sem ninguém pra me pentelhar nas partes mais emocionantes.
O filme é recheado de cliches, desses que fazem de qualquer filme, um "filme qualquer". Sim ele é repleto deles, também pudera.. está sendo contado a história de uma jovem de 23 anos, que já é mãe de duas crianças- lindas por sinal- e que está prestes à morrer por causa de um câncer. Dramático? Sim. Mas é um drama rico, brilhante, belo de se ver, com momentos incríveis. Logo no início me deparei com uma cena linda... Ann ( personagem da Sarah), acaba de saber que só tem dois meses de vida, ela resolve andar pela rua, aproveitar cada segundo. Finalmente se deu conta de que está viva e precisa, de fato, viver. Sente a chuva cair pelo seu corpo, não se importando com a frio que faz, porque assim a faz se sentir viva. Nesse primeiro momento já fui totalmente tomada pelo clima do filme.
O que você faria se soubesse que iria morrer daqui à dois meses? Difícil de responder né? A cena que o médico conta que ela tem pouco tempo de vida é uma das minhas prediletas. Poderia ser a cena mais brega do mundo, mas é encantadora, delicada e bastante suave. Leve. Sem dramas.
Ann decide guardar essa notícia só pra ela. E também decide correr atrás do tempo perdido. Prepara uma lista de coisas que deve fazer antes de morrer. As mais marcantes pra mim foram : - Fazer alguém se apaixonar por ela.
- Fazer amor com outro homem, só pra ver como é.
- Deixar recados gravados paras as filhas até os 18 anos delas.
- Arranjar uma nova mãe para as meninas, e uma mulher para o marido.
- Dizer sempre a verdade.

As cenas entre Ann (Sarah Polley) e Lee (Mark Ruffalo) são todas encantadoras. Ele é o cara que ela escolhe pra passar os ultimos meses, um relacionamento as escondidas, já que ela é casada. Mas essa traição acaba sendo perdoada - pelo menos eu perdôo. Caramba, ela vai morrer daqui a pouco, está procurando uma mulher pro seu marido, qual é problema dela ter uma nova experiência amorosa, já que vai morrer tão brevemente. Eu a defendo sim! rsrs
A cena que eles se conhecem é perfeita. Ele vela o sono dela. Não tem maior intimidade, na minha opinião, do que ver alguém dormir.. a pessoa está ali,parada, entregue, indefesa, e foi assim no filme.
"Lee: Vou comprar um café, você quer?
Ana: Não obrigada. ( daí ela se lembra de que tem que falar sempre a verdade) Sim, com leite, por favor!"
Ele volta, ela está num sono profundo, ele a observa de uma distância considerável, com o passar do tempo, ele vai se aproximando dela, acaba a cena ele está pertinho dela, cutucando umas moedas pra tentar acorda-la. Essa cena é magnífica.
Quando eu pego um filme pra ver, gosto de me surpreender com a escolha.. nunca tinha ouvido falar desse filme, e peguei.. agora ele é um dos meus filmes prediletos. Essa obra incrível é da diretora espanhola Isabel Coixet. A produção é assinada pelo Almodóvar.
Enquanto assistia eu me identificava totalmente com a Ann, o filme é de uma sensibilidade, de uma intensidade que me deixou extasiada ,paralisada.. assisti o filme inteiro sem cair uma lágrima se quer. No momento em que os créditos começaram a subir paralelamente à música, eu me debulhei em lágrimas.. foi uma mistura incrível de sensações. Não sabia se era tristeza, alegria, paixão, vazio, uma sensação estranha e gostosa ao mesmo tempo. Sentimento sem nome. Continuava a chorar. Voltei na cena em que ela grava as mensagens pras filhas, pra chora mais um pouquinho. Voltei na cena que ela se despede do Lee e chorei mais.. voltei pra cena que ela recebe a notícia do médico.. chorei junto com ela, e voltei pro início da chuva(choro) e vi novamente o final. O final é magnífico.. ela gravou uma fita de despedida pro marido e pro Lee.. Chorei mais um bocadão. Aí está uma parte do texto final. ( Enquanto esse texto vai sendo dito aparecem cenas do marido, com a nova mulher e as filhas):

Ann off: Você reza pra que essa seja a sua vida sem você. Reza pra que as meninas amem essa mulher que tem o mesmo nome que você. E que mal se lembrem da sua mãe que dormia de dia e fazia passeios de jangadas com elas na cama. Você reza para que tenham momentos de felicidades tão intensa que façam todos os problemas deles parecerem insignificantes. Você não sabe pra quem está rezando, mas reza. Você nem se quer lamenta a vida que não vai ter.. porque você já estará morta, e os mortos não sentem nada, e nem lamentam.

Assistam o filme e depois voltem aqui pra ler. ok?





Início de tudo.

Estava à toa, com uma grande necessidade de expressar as minhas lamurias + pensamentos+ divagações+deslumbres+ vislumbres... uma necessidade de mostrar o que penso à respeito de todas as artes que encontro em meu caminho. Seja filme - peça - pinturas - poemas - músicas... Vou falar um pouco do que, de alguma forma, me atraia ou me repila, me entusiasme ou me desanime, me faça querer viver ou morrer.. vou falar, assim.. só por falar. Nada demais.