Para uma noite de sábado, ela chegou em casa mais cedo que de costume. Abriu a porta do seu quarto, aquele com a mesma decoração de quando tinha 8 anos. Se surpreendeu com a própria imagem refletida no espelho. Aproximou-se até conseguir enxergar perfeitamente cada traço de suas pupilas, e ficou se olhando durante um longo tempo. Parecia que ela tentava desvendar um grande mistério. E uma pergunta martelou em sua cabeça.
- Porque meus olhos estão assim... desolados?
Quando finalmente conseguiu se desprender do transe em que havia estado, sensações desconfortantes tomaram conta de seu corpo. Sentiu a respiração falhar, o coração desregulou o compasso e suas pernas perderam o equilíbrio por completo. Ela não podia fazer mais nada, a não ser, deixar seu corpo cair abruptamente em sua cama. Caiu feito manga madura que cai na grama, pronta pra ser devorada.
Deitada, ela sentiu seu peito se contorcer feito músculo com cãimbra. Era como se o seu peito fosse prensado em ferro quente, igual ao que fazemos com pão de forma. Quem fosse perspicaz, perceberia que o franzido em sua testa, antecipava a tempestade que, segundos depois, desabariam dos seus lindos olhos tristes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário