quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ouve-me

Tendo em mim um sentimento assim, que me faz ir além sempre quando me sinto paralisada.
Assim de um jeito todo único que me conduz, leva, eleva. Ultrapasso minha agonizante tonta loucura lúcida. Presencio minha límpida demência.

Demência do EU (que é só meu) versus o MUNDO ( que é de tantos tontos)

-tolinha eu achar que é só meu.

VOCÊ + EU + tantos tontos = MUNDO

Me perder entre tantos reflexos, espelhos, luzes, vozes, mente. A mente mente.
Me confundo sempre. Agir sem saber ao certo o que é, sempre me paralisou.


mas tendo em mim todo um sentimento assim, que me faz ir além sempre quando..
Quando?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Clarice e a Aprendizagem do prazer

Reuni algumas partes do livro que estou envolvida no momento. "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" da Clarice Lispector. Diz muito o que vivi, vivo e procuro viver. Simplesmente divino.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

A Origem da Primavera ou A Morte Necessária em Pleno Dia.

" Queria poder continuar a -lo, mas sem precisar tão violentamente dele"

"Ser tão protegida a ponto de não recear ser livre"

"Lori se cansava muito porque ela não parava de ser"

"Ele parecia agora ver como ela era inalcançável. E mais: não só inalcançável por ele mas por ela própria e pelo mundo. Ela vivia de um estreitamento no peito: a vida."

"Sua alma incomensurável. Pois ela era o mundo. E no entanto vivia o pouco."

"Existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. é com maior esforço que consigo me sobrepor a mim mesma."

"-Porque é que você olha tão demoradamente cada pessoa?
-Não é por nada que olho: é que gosto de ver as pessoas sendo."

"Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa mas seremos um só."

"A coragem de Lóri é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem."

"Faço poesia não porque seja poeta mas pra exercitar a minha alma"

"Ele fazia poemas como exercício mais profundo do homem. E ela? Que fazia como exercício mais profundo de ser uma pessoa? Fazia o mar de manhã..."

"Queria que as coisas "acontecessem" e não que ela as provocasse. Ela conhecia o mundo dos que estão tão sofridamente à cata de prazeres e que não sabiam esperar que eles viessem sozinhos."

"Antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado."

"Adeus. Ele sempre se despedia assim. Como se cortasse de uma vez para outra o vínculo? E ambos ficassem em liberdade um do outro? Lóri sabia que ela própria é quem cortara vínculos a vida inteira, e talvez alguma coisa nela sugerisse aos outros a palavra "adeus". "Abandonar-me logo quando eu estava..." Não concluía o pensamento numa frase porque não sabia ao certo em que "já estava".

"Ela estava procurando sair da dor, como se procurasse sair de uma realidade outra que durara a sua vida até então."

" A calma - o encontro com o prazer extraordinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns"

"Queria a quebra de sua carne em espírito e do espírito se quebrando em carne, queria essas finas misturas."

"Ser-se o que é era grande demais e incontrolável"

"E sabia que era feroz entre os ferozes seres humanos, nós, os macacos de nós mesmos. Nunca atingiríamos em nós o ser humano. E quem atingia era com justiça santificado."

"Ela quis retroceder. Mas sentia que era tarde demais: uma vez dado o primeiro passo este era irreversível, e empurrava-a para mais, mais, mais!!!

"De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum, era sempre extraordinário."

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Intuição Pulsante

Hoje estou meio boba. Tá um vazio aqui dentro, dento do meu corpo que está vivo e tem espírito e alma. Mas onde deviam existir órgãos pulsantes correntes sanguíneas vibrantes, parece não ter nada. tá uma calmaria só. Será que me dopei e não percebi, ou será o ritmo natural da minha madrugada interna de hoje? Estranho. Essa é a hora que meus pensamentos se confundem em melodias, cores, densidades, cheiros, vontades... Hoje está fazendo madrugada quente, porém chuvosa. Não vejo a chuva mas sinto-a. Não sei se o calor é da madrugada ou de uma massa densa circular que gira dentro do meu corpo, no lugar dos órgãos, aquecendo-me. Também pode ser o meu coração que cresceu, expandiu, se alimentou de tudo que existia aqui dentro, e agora pulsa pulsa pulsa pulsa.. não é acelerado, é lento. Pulsar lento e demorado mas constante e não para.
-------
Queria poder entender, saber, ter, sentir, ver, beijar, estar, ser e ouvir. sou tudo isso mas quero ser junto. compartilhado. dividido ao meio. só em dois pedaços. e só quem eu quero agora. E que me queira pra sempre desde então.
Sente que algo aconteceu?
O coração acelerou, desregulou os sentidos e razão, não falei coisa com coisa. Falei boca com boca, pele com pele, língua com língua, alma com alma, esse tipo de coisa que falei.
-------
Pronto, me acalmei. Eu sei, de um saber meio ilusório e confuso, que vou viver novamente tudo o que agora desejo com tanto ardor. Um saber, digamos que intuitivo.

Ana Fonte

domingo, 15 de março de 2009

A felicidade até existe!

Libertação da necessidade de transpiração ocular, querer chorar.
Quando em sempre sinto que quanto mais vivo e percebo a realidade hipócrita-lasciva que me rodeia tenho a vontade de praticar a transpiração citada acima. Mas me sinto forte, não forte o suficiente pra não chorar, pois choro, esperneio, me desespero sempre, como uma criança que acabara de cair e ralar o joelho. Mas forte o suficiente pra levantar passar um mertiolate- que vai doer 5 vezes mais que o prório corte - e gritar por 10 segundos, apenas, e continuar a brincar de pique. Realmente não sei de onde vem essa vontade de seguir, não tenho nenhuma religião, mesmo sendo batizada e ter feito a primeira comunhão aos 11 anos de idade. Essa energia vital nasceu comigo, essa vontade de regeneração perante as constantes desestruturações que presencio e vivo, só pode vir de um único exclusivo lugar.

Arte

Acredito que essa seja a minha energia, minha religião e a força para caminhar.. os caminhos são diversos, não tenho muita noção do que é certo e errado. Algumas coisas que acredito ser benéficas pra mim, voltam com respostas "negativas" e eu choro, esperneio, grito e paro. Relaxo, aprendo, penso e sorrio. Não julgo o que ou quem me fez esse tal mal. Pois acredito que o mal esta aí pra saber lidar com ele. Coitado de quem acha que chorar, sofrer e se perder não é ser feliz. Felicidade constante só em album de orkut, album de família, album de casamento, férias de julho, carnaval.. ai ai ai e quem não tira foto? Caramba, será que não se lembra do quanto foi feliz? ou a felicidade é uma confusão a parte mental no ser humano,que só acredita que foi feliz quando já passou? Quando olha aquele sorriso congelado, forçado.. sim, sei que estou sendo muito dura, mas foi o que passou na minha cabeça nesse momento, sei lá, talvez eu precise tirar mais fotos.
Bom, ter ficado o carnaval lendo Clarice Lispector, Antoin Artaud e ouvindo Bach, Chopin, Wagner, Beethoven e Stravinsky me colocou em emoções fortíssimas, únicas, e num mix de sentimentos todos bons.. uns de choro, outros de luzes e risadas euforicas, todas de paixões de amor. Fotografei na alma esse momento. Não lembro quando foi riso e quando foi choro, dor ou prazer.. lembro por um canal que ainda não sei dizer, acho que não tem nome ainda, mas o encanto se fez presente.
Agora eu o tenho para sempre.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Mi Vida Sin Mi

Mi Vida Sin Mi. O nome me atraiu, "Minha Vida Sem Mim", o rosto da linda atriz canadense Sarah Polley me ajudou a querer entender, sentir, vivenciar aquela história. Olhar triste, e ao mesmo tempo de uma serenidade que não se explica. Peguei decidida na prateleira da locadora - após horas escolhendo- e fui ver. Vi sozinha. Amo ver filmes que não conheço sozinha. Volto milhares de vezes , sem ninguém pra me pentelhar nas partes mais emocionantes.
O filme é recheado de cliches, desses que fazem de qualquer filme, um "filme qualquer". Sim ele é repleto deles, também pudera.. está sendo contado a história de uma jovem de 23 anos, que já é mãe de duas crianças- lindas por sinal- e que está prestes à morrer por causa de um câncer. Dramático? Sim. Mas é um drama rico, brilhante, belo de se ver, com momentos incríveis. Logo no início me deparei com uma cena linda... Ann ( personagem da Sarah), acaba de saber que só tem dois meses de vida, ela resolve andar pela rua, aproveitar cada segundo. Finalmente se deu conta de que está viva e precisa, de fato, viver. Sente a chuva cair pelo seu corpo, não se importando com a frio que faz, porque assim a faz se sentir viva. Nesse primeiro momento já fui totalmente tomada pelo clima do filme.
O que você faria se soubesse que iria morrer daqui à dois meses? Difícil de responder né? A cena que o médico conta que ela tem pouco tempo de vida é uma das minhas prediletas. Poderia ser a cena mais brega do mundo, mas é encantadora, delicada e bastante suave. Leve. Sem dramas.
Ann decide guardar essa notícia só pra ela. E também decide correr atrás do tempo perdido. Prepara uma lista de coisas que deve fazer antes de morrer. As mais marcantes pra mim foram : - Fazer alguém se apaixonar por ela.
- Fazer amor com outro homem, só pra ver como é.
- Deixar recados gravados paras as filhas até os 18 anos delas.
- Arranjar uma nova mãe para as meninas, e uma mulher para o marido.
- Dizer sempre a verdade.

As cenas entre Ann (Sarah Polley) e Lee (Mark Ruffalo) são todas encantadoras. Ele é o cara que ela escolhe pra passar os ultimos meses, um relacionamento as escondidas, já que ela é casada. Mas essa traição acaba sendo perdoada - pelo menos eu perdôo. Caramba, ela vai morrer daqui a pouco, está procurando uma mulher pro seu marido, qual é problema dela ter uma nova experiência amorosa, já que vai morrer tão brevemente. Eu a defendo sim! rsrs
A cena que eles se conhecem é perfeita. Ele vela o sono dela. Não tem maior intimidade, na minha opinião, do que ver alguém dormir.. a pessoa está ali,parada, entregue, indefesa, e foi assim no filme.
"Lee: Vou comprar um café, você quer?
Ana: Não obrigada. ( daí ela se lembra de que tem que falar sempre a verdade) Sim, com leite, por favor!"
Ele volta, ela está num sono profundo, ele a observa de uma distância considerável, com o passar do tempo, ele vai se aproximando dela, acaba a cena ele está pertinho dela, cutucando umas moedas pra tentar acorda-la. Essa cena é magnífica.
Quando eu pego um filme pra ver, gosto de me surpreender com a escolha.. nunca tinha ouvido falar desse filme, e peguei.. agora ele é um dos meus filmes prediletos. Essa obra incrível é da diretora espanhola Isabel Coixet. A produção é assinada pelo Almodóvar.
Enquanto assistia eu me identificava totalmente com a Ann, o filme é de uma sensibilidade, de uma intensidade que me deixou extasiada ,paralisada.. assisti o filme inteiro sem cair uma lágrima se quer. No momento em que os créditos começaram a subir paralelamente à música, eu me debulhei em lágrimas.. foi uma mistura incrível de sensações. Não sabia se era tristeza, alegria, paixão, vazio, uma sensação estranha e gostosa ao mesmo tempo. Sentimento sem nome. Continuava a chorar. Voltei na cena em que ela grava as mensagens pras filhas, pra chora mais um pouquinho. Voltei na cena que ela se despede do Lee e chorei mais.. voltei pra cena que ela recebe a notícia do médico.. chorei junto com ela, e voltei pro início da chuva(choro) e vi novamente o final. O final é magnífico.. ela gravou uma fita de despedida pro marido e pro Lee.. Chorei mais um bocadão. Aí está uma parte do texto final. ( Enquanto esse texto vai sendo dito aparecem cenas do marido, com a nova mulher e as filhas):

Ann off: Você reza pra que essa seja a sua vida sem você. Reza pra que as meninas amem essa mulher que tem o mesmo nome que você. E que mal se lembrem da sua mãe que dormia de dia e fazia passeios de jangadas com elas na cama. Você reza para que tenham momentos de felicidades tão intensa que façam todos os problemas deles parecerem insignificantes. Você não sabe pra quem está rezando, mas reza. Você nem se quer lamenta a vida que não vai ter.. porque você já estará morta, e os mortos não sentem nada, e nem lamentam.

Assistam o filme e depois voltem aqui pra ler. ok?





Início de tudo.

Estava à toa, com uma grande necessidade de expressar as minhas lamurias + pensamentos+ divagações+deslumbres+ vislumbres... uma necessidade de mostrar o que penso à respeito de todas as artes que encontro em meu caminho. Seja filme - peça - pinturas - poemas - músicas... Vou falar um pouco do que, de alguma forma, me atraia ou me repila, me entusiasme ou me desanime, me faça querer viver ou morrer.. vou falar, assim.. só por falar. Nada demais.