segunda-feira, 8 de junho de 2009

Porque somos assim?

Era noite de sexta feira na Lapa, Rio de Janeiro, ela estava meio perdida e um pouco altinha por ter bebido mais do que o normal. Mas era sexta, então não se importava muito. Encontrou depois de anos, aproximadamente uns 8 anos, alguns amigos da pré-adolescência. Estava feliz em revê-los depois de tantos anos passados. Agora, pela primeira vez, bebia na presença deles. Mais que bebia, compartilhava a mesma bebedeira e também o primeiro maço de cigarro . Todos alegres, felizes e com sensação de redescobrimento da amizade antiga e preciosa.

Muitas gargalhadas, gritos, cigarros, fotos, fofocas, pinga, cigarros, raggae e cigarros.

Ela de repende escuta:

- Tia, compra um xicreti .

- Oi? ( bêbada e um pouco assustada)

- Me ajuda . por favor tia.

- Mas quantos anos você tem menino? ( doce e preocupada)

- Tenho 6.

- Mas já são 1:37 da madrugada. Você devia ta dormindo, meu Deus!

Ela repara o olhar do menino: duas jabuticabas pretas pedindo carinho e atenção. Ela acha que ainda existia uma esperança.. mas era esperança pisada e retorcida.

- Como você se chama?

- Ronald

- Você já comeu hoje, Ronald ?


Fez que não com a cabeça.

- O que você gostaria MUITO de comer agora? Fala que eu compro pra você. Quer um Hambúrguer bem gordão gostosão tudo de bão?

- Eu quero fofura, Tia.

- Oi? Fofura???!!!

- Anham!

Ela reparou que ele falava a verdade, porque enquanto mexia a cabeça pra cima e pra baixo, soltava um sorriso de orelha a orelha e os olhinhos de infância pisada e retorcida estavam resplandecentes.

- Uma fofura aqui pro meu amiguinho Ronald, por favor!

Ele pegou a fofura como se fosse a comida mais impossível e deliciosa. Ela entendeu a felicidade, pois ele era uma criança de 6 anos.. crianças desejam besteiras.

Ela teve que dobrar um pouco os joelhos quando deu um beijo carinhoso na careca do menino que parecia estar radiante por comer a sua tão sonhada fofura.

- Tchau. Vai com Deus Ronald. ( ou pelo menos tente ir, ela pensou.)

Ele se foi, não foi muito difícil ele se perder na multidão da Lapa. Ela agora não o via mais.

Um amigo, o da infância, de 8 anos atrás, bêbado e fumando um cigarro falou:

- Pronto fulana, agora você pode correr pro banheiro e lavar a boca.

Ela via risadas, mas não as ouviam. Ela teve nojo? Ela teve. Mas não sabe exatamente de quem.

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